26.8.07

Ainda lutando contra brancura da tela

Pseudo escritora de museu , que mantem , desorganizadamente , cadernos, bloquinhos e papéis rascunhados de todo tipo , fica acanhada diante de um quadradinho de 17 polegadas.
Faz parte da minha natureza nostálgica.
Tenho, até hoje, a Olivetti Lettera 82 que ganhei no meu aniversário de 9 (ou 10) anos.



Infinitos Perdidos
poesia sem ponto


Infinitos perdidos sob máscaras pálidas
Sem choro nem riso
Infinitos perdidos nas profundezas
De olhos sem face
Sem brilho
Infinitos perdidos sob silêncio ensurdecedor
Sob lábios descorados
Cerrados
Infinitos perdidos
Esparramados em alma desterrada
Exilada em ponto distante
De sua própria raiz
Infinitos perdidos na ausência de sentido
Que o nome que lhes cabe
Arrasta
Por fronteiras apertadas
Infinitos perdidos
Atrelados à correntes
Pesadas e invisíveis
Infinitos perdidos num grão de poeira
Na cabeça de um alfinete
Num átomo comprimido




Vão mudar a ortografia brasileira ano que vem. E eu , ainda nem aprendi a escrever com a vigente...

24.8.07

Hibernações, mariposas e (des)preocupação

Depois de alguns ´cadê você` e uma conversa virtual com um amiga, me dei conta o quanto deve estranho, para as pessoas que me conhecem , esses meus sumiços repentinos . Deve ser meio difícil de entender alguém que fica incomunicável por meses e depois retorna das sombras como se isso fosse a coisa mais natural da face da terra. Mas essa sou eu . E essa não é a primeira vez . De tempos em tempos , ou eu escolho o recolhimento , ou a vida me leva a isso e eu , simplesmente aceito.
Algumas vezes , a minha natureza é de lagarta . Depois de um período no casulo , surjo toda mariposa ( que borboleta está à anos luz da minha existência ). Mas a maior parte do tempo, eu sou mesmo um urso desajeitado que passou meses roncando na escuridão de uma caverna . De certo é , depois da metamorfose, ou da hibernação , a vida retorna ao que era , sem de fato ser o que foi.
Com tanto tempo pra pensar , as lentes mudam e as perspectivas ficam mais apuradas. Por exemplo : eu decidi não me preocupar mais.
A preocupação é um desperdício de tempo e energia . Os ´ses ` são como parasitas que sugam
a sanidade aos poucos e, além disso , impedem que as boas idéias nasçam . Quantas vezes perdemos noites pensando em algo que não aconteceu?Quantas vezes deixamos de encontrar a melhor solução por nos atermos ao problema ? Perdemos boas chances por nos precipitarmos, acreditando que, assim, estamos nos prevenindo da alguma catástrofe imaginária. Por isso é que tento não me preocupar com mais nada. Eu me pergunto : isso é um fato ? Se for , há algo que eu possa fazer a respeito ? Se há então mãos a obra .Mas , se pra qualquer uma das perguntas a resposta for negativa , eu simplesmente esqueço. Parece irresponsável , mas não é . Basta seguir um esquema bem simples : cuidar da saúde , ter bons amigos , evitar grandes perigos (os reais e iminentes) e se , puder , guardar alguns trocados pros dias difíceis .
A minha parca experiência tem me mostrado , que para cada problema que aparece , há inúmeras soluções voando, por aí . Despreocupadas , prontas para esbarrar na gente .
O resto é pura suposição.


A mariposa passeia pela noite a procura da luz .
Picadas de abelha não deixam o mel menos doce .
Afinal, o urso não parece se importar.

23.8.07

Desculpe o transtorno

mas, ainda estamos em obra.

22.8.07

Reedição

Procurando no passado, encontrei uma forma de dizer como me sinto agora:



Quinta-feira, Novembro 18, 2004

Satori
De cima do telhado a menina dançava ,girava sobre as telhas já escurecidas pelo tempo e sob as gotas prateadas da chuva fina . E ela brincava com fitas de névoa que flutuavam com a brisa. Ela chamava os ventos.E os ventos vieram e a carregaram com eles até o lugar que não está em lugar nenhum .E quando ela chegou nesse lugar que não é, ela pôde ver o que não é visto, escutar o que não é escutado,tocar o que não é tocado ,cheirar o que não é cheirado e sentir o que não é sentido. Ela voltou então , a dançar e brincar .Dessa vez com pó de prata e pó de ouro tão finos que se misturavam ao ar.Se misturavam ao céu da Lua e ao céu do Sol e penetravam na pele da própria menina que agora também era a Lua e o Sol . Então ela caiu no oceano infinito dos próprios olhos e mergulhou até o fundo mais profundo.Ela já não era mais ela. E era . Não era também Sol e Lua. E era .Ela havia compreendido o que não é compreendido. Ela se mirava no espelho e via o universo. E não existia mais nomes e formas.


Quarta-feira, Agosto 31, 2005

Livre
como crianças loucas,besouros brilhantes e gatos acomodados sob o Sol.Um sentimento, abstrato e quente, de que as trevas são insignificantes se comparadas a luz infinita. Um campo escuro,concreto e limitado pelo estreito do olhar, que se dissipa pela visão do que não se olha.Do enxergável além da vista. Um clarão que não cega apesar de ser sentido.E o céu, de um azul indescritível, ou de um laranja alucinante, cobrindo como manto encantado, dias únicos e normais. Ou em seus tons mais profundos,noites comuns e excepcionais. E nada demais acontece.Mas há algo...
Me sinto estranhamente bem.Será que estou ficando otimista ?

Se não durmo , não acordo

Se sigo a maré , não engulo água.
Se não bebo , não engasgo.
Se não como , não vomito.
Se não respiro fundo , não medito.
Se não penso , logo , não existo.

Sonâmbulos caminham dormindo.
Insones estão sempre acordados.
Talvez , os sonâmbulos não durmam de verdade.
E os insones nunca despertam.
Estão dormindo sem saber.

Mas como saber a diferença ?


Somos apenas zumbis rodopiando em redemoinhos invisíveis.
No olho do furacão qualquer rumo é inútil. O acaso dtermina o destino.

Offline 2.0

Não ligue agora
Estou sem sinal
Fora de área
Deixe recado
Na caixa postal

Mais tarde, te mando um torpedo
Estou ocupada
Mas isso não é segredo
Pra ninguém

Você sabe como me encontrar
Estou sempre no mesmo lugar
Esperando
A hora certa de dizer "alô
te ligo mais tarde"
Mesmo que seja tarde demais

Te ligo outra hora
Que essa já era
Já ficou pra trás

Ando meio desligada
Desconectada
Offline

Eu ligo outra hora
Estou sem sinal
Fora de área
Na caixa postal

21.8.07

Antes tarde do que nunca

Como escritora à moda antiga,acostumada a bloquinhos, papéis amarelados,ao avesso de folhetos publicitários e à qualquer peça de celulose aproveitável , devo admitir : o reluzir pálido da tela de computador sempre acaba me intimidando. Sou uma blogueira de araque, que posta cópias , que se auto plagia para esconder uma inspiração insegura , que foge quando se depara com o piscar do cursor.
Mas eu quero mudar. Em nome das árvores sacrificadas em verso e prosa. Em nome das praticidades tecnológicas . Em nome da minha não obsolescência .
Isso já é um começo.