22.8.07

Reedição

Procurando no passado, encontrei uma forma de dizer como me sinto agora:



Quinta-feira, Novembro 18, 2004

Satori
De cima do telhado a menina dançava ,girava sobre as telhas já escurecidas pelo tempo e sob as gotas prateadas da chuva fina . E ela brincava com fitas de névoa que flutuavam com a brisa. Ela chamava os ventos.E os ventos vieram e a carregaram com eles até o lugar que não está em lugar nenhum .E quando ela chegou nesse lugar que não é, ela pôde ver o que não é visto, escutar o que não é escutado,tocar o que não é tocado ,cheirar o que não é cheirado e sentir o que não é sentido. Ela voltou então , a dançar e brincar .Dessa vez com pó de prata e pó de ouro tão finos que se misturavam ao ar.Se misturavam ao céu da Lua e ao céu do Sol e penetravam na pele da própria menina que agora também era a Lua e o Sol . Então ela caiu no oceano infinito dos próprios olhos e mergulhou até o fundo mais profundo.Ela já não era mais ela. E era . Não era também Sol e Lua. E era .Ela havia compreendido o que não é compreendido. Ela se mirava no espelho e via o universo. E não existia mais nomes e formas.


Quarta-feira, Agosto 31, 2005

Livre
como crianças loucas,besouros brilhantes e gatos acomodados sob o Sol.Um sentimento, abstrato e quente, de que as trevas são insignificantes se comparadas a luz infinita. Um campo escuro,concreto e limitado pelo estreito do olhar, que se dissipa pela visão do que não se olha.Do enxergável além da vista. Um clarão que não cega apesar de ser sentido.E o céu, de um azul indescritível, ou de um laranja alucinante, cobrindo como manto encantado, dias únicos e normais. Ou em seus tons mais profundos,noites comuns e excepcionais. E nada demais acontece.Mas há algo...
Me sinto estranhamente bem.Será que estou ficando otimista ?

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