1.9.07

Tênis, luzinhas vermelhas e a princesa cogumelo

De tempos em tempos, eu digo que estou sem inspiração, que estou sem assunto. Mas a questão não é , necessariamente, uma falta do que dizer. Sim, uma dificuldade em explicar algo que parece não ter forma , não ter começo, nem fim . Como pôr em palavras o que senti , um dia , ao ver um par de tênis dependurado nos fios elétricos de uma rua qualquer. Como mostrar a importância que aqueles objetos vulgares, numa situação ainda mais vulgar tiveram para mim se, provavelmente, os pés que os calçaram durante algum tempo, já devem tê-los esquecido ? E sem parecer piegas, porque eu odeio parecer piegas.
'Tá, tudo bem que não é tão incompreensível assim , alguém já mostrou, com imagens, o balé de uma sacola plástica flutuando com o vento e funcionou . Quem não viu Beleza Americana ? Porém, eu não uso câmeras , e não sei como traduzir, em literatura , tênis em fios e o meu fascínio pelas luzes de alarme dos carros. Isso mesmo , eu estou falando daquelas luzinhas vermelhas , aquelas que ficam no painel, ou próximo, dependendo do modelo. E que piscam, indicando que o alarme está ligado e pronto pra fazer um estardalhaço , caso algum gatuno tente levar o veículo . Eu sou fascinada por elas .
Do meu apartamento, eu fico observando esses pequenos vagalumes eletrônicos , aprisionados em suas gaiolas de metal, vidro e plástico, piscando incansáveis, madrugada à dentro. Tão solitários. Minúsculos cães de guarda sem alma . Estrelinhas vermelhas , que brilham ignoradas, para que alguns durmam em paz .
Mas acho que ninguém percebeu isso. E, talvez, nem devesse. Se alguém percebesse , veria logo que, nessas poucas linhas , eu não pude fazer jus ao que senti.





De uns dias pra cá , duas palavras emergem da minha mente : princesa cogumelo. A única coisa à que me remetem é à personagem do jogo Mario Bros .
A memória é mesmo um troço bem esquisito.

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