7.9.07

Olho o movimento para espantar o sono. Carros, motos e caminhões. Gente apressada, gente à passeio. Gente sozinha, gente em grupos. Gente calada e gente falante. Mas , é um esforço imenso. Nem o bailado frenético da cidade me mantém alerta. Há muito, atendi o chamado da Lua e troquei o dia pela noite. Agora, pago o preço : a boca abrindo, as pálpebras pesadas . Se não fosse o Sol, à pino, ferindo meus olhos, faria como os mendigos e me entregaria à Morfeu no duro assento do ponto de ônibus.
Um despertador móvel me tira do do transe. Do outro lado da linha, alguém me diz que tenho que ir ao banco. Mais uma espera numa vida de esperanças. Na agência sonambulo, quase não ouço o caixa dizer: “-O próximo!”. Apanho a condução.Entre um microcochilo e outro penso : próximo o que ?





Satori II (a poesia)

Quero me partir em infinitas partículas
Virar do avesso
Me dissolver no espaço
Quero perder a forma
Quero respirar o ar
E ser como vento e vapor
Quero beber da fonte
Deslizar minhas águas
Beijar o marcadores
Navegar minhas marés
Quero me aquecer
E crepitar como fogueira antiga
Quero pôr meus pés no chão
Ser cada grão
Do litoral às serras
Quero gritar
Ser palavra e som
Quero saciar minha fome
Ser a fruta e semente
Quero abrir meus olhos
Ser a paisagem e a visão
Quero o contato ilimitado
Ser a pele e o tocar
Quero ser a existência
Sem artigo, nem pronome
Quero apenas ser
Estar
Existir...






Insone, não vejo direito as vírgulas. Sonambula, esqueci o que é o ponto.
Nos meus sonhos despertos, quem manda, são as reticências...

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